O Dr. José Morbeck, ou simplesmente Dr. Morbeck, como ficou conhecido, nasceu no dia 25 de abril de 1878 na Fazenda Coruja de propriedade de seus pais no município de Maracás estado da Bahia. Filho de Galdino Feliciano do Espírito Santo e de Ana Clara Morbeck do Espírito Santo. Casal distinto e de posses, que tiveram muitos filhos, sendo o José um dos mais velhos.

José Morbeck realizou seus estudos superiores na Escola Agrícola da Bahia em São Bento das Lajes onde formou-se no ano de 1903, e em 28 de julho de 1911 por defesa de tese, doutorou-se Engenheiro Agrônomo.

Em 1.903, data mais ou menos precisa, a convite do seu grande amigo Dr. Deucleciano do Canto Menezes, Juiz de Direito em Registro do Araguaia – MT (hoje Araguaiana-MT) e satisfazendo o seu espírito aventureiro, o Engenheiro José Morbeck dirigiu-se, qual novo “Bandeirante”, a procura de novas terras. Estabelecendo-se inicialmente em Rio-Bonito hoje Caiapônia, Estado de Goiás, transferiu-se depois para Mato Grosso, medindo terras no exercício de sua profissão.

Foi um desbravador dos sertões, e, como testemunham pessoas daquela época, foi ele o primeiro engenheiro formado que chegou àquela região de Barra do Garças – MT, prestando seus valiosos serviços de agrônomo.

Nesse, ainda desconhecido sertão de Mato Grosso, o engenheiro José Morbeck comprou uma propriedade entre os Rios Garças, Araguaia e Diamantino com a extensão de 500.000 hectares. Formou ali uma fazenda a qual deu o nome de Patagônia, realizando um desejo de quando ainda era estudante, de colocar em algo que lhe pertencesse, esse nome com o qual simpatizou-se ao estudar geografia.

Após alguns anos regressou a sua terra natal, a Bahia, e em Salvador casou-se em 10 de junho de 1.911 com a professora Arlinda Pessoa da Silva, filha do desembargador Arquimedes Secundino Martins da Silva e de Maria Autimia Aragão Pessoa, ambos descendentes de portugueses.

O casal José Morbeck e Arlinda tiveram dez filhos, entre estes Milton Pessoa Morbeck e a filha Circe Morbeck, Religiosa da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora- Salesianas.

No mesmo ano de 1.911 o Engenheiro José Morbeck em companhia de sua esposa, volta a Mato Grosso, desta vez, dirige-se a Cuiabá numa viagem em navio costeiro com a duração de mais ou menos um mês, passando por Rio de Janeiro, Buenos Aires, Corumbá.

Em Cuiabá foi nomeado por ato do Governador do Estado Joaquim Augusto da Costa Marques, Diretor da Repartição de Terras, Minas e Colonização. Ato nº 462, de 28/01/1913, Doc. Registrado no livro AB nº 13 do arquivo público de Mato Grosso – Cuiabá. Este cargo existente naquela época era cabível a um engenheiro agrônomo.

Em 15/07/1915, o então Governador do Estado Joaquim Augusto da Costa Marques, através da lei nº 707 de 15 de julho de 1.915, deu uma concessão estadual de exclusividade de garimpagem no vale do Rio Garças e seus afluentes, desde as cabeceiras até a sua foz no Rio Araguaia, para uma multinacional inglesa, “Cia Indústria e Comércio” o que provocaria o desemprego de milhares de garimpeiros, trabalhadores que vieram do Maranhão, Bahia e Minas Gerais principalmente, tentar a sorte em Mato Grosso. Dr. Morbeck deu um violento parecer contrário a esta lei.

Depois de exercer por dois anos esse cargo, mudou-se para o interior do estado, a fim de supervisionar melhor as terras que comprara e sempre na expectativa de mais realizações.

A demissão do Dr. José Morbeck da Diretoria da Repartição de Terras do Estado de Mato Grosso, foi a primeira reação do nacionalismo do Brasil.

Dr. José Morbeck foi um ardoroso e justo político e como tal opôs-se radicalmente à concessão das terras auríferas da região Garças-Araguaia, proposta pelo Governador do Estado Joaquim Augusto da Costa Marques a uma empresa de mineração inglesa “Cia Indústria e Comércio”, do que resultou a hostilidade do governo vindo a provocar uma luta armada durante o governo do Cel. Pedro Celestino, denominada “Morbeck X Carvalhinho” na qual o Engenheiro Morbeck teve que lutar a favor dos garimpeiros, apondo-se a abusiva cobrança de impostos numa região em que o Poder Público era ausente, por não prestar o menor serviço, a menor assistência à população.

No final de 1915 Dr. Morbeck passou a fixar residência com sua família, em pleno sertão, na Fazenda Patagônia, de sua propriedade no município de Barra do Garças – MT cujo vizinho mais próximo distava cinco léguas, ou seja, trinta quilômetros, por terra no meio da selva!

Posteriormente vai residir próximo às suas terras na pequena vila Registro do Araguaia-MT atualmente Araguaiana-MT onde foi designado intendente (prefeito) daquele município, que naquela época abrangia a região de Barra do Garças-MT onde se localizava sua fazenda. Sua esposa Arlinda também foi nomeada pelo estado para exercer sua função de professora na única escola ali existente.

Com a transferência da Comarca de Registro do Araguaia-MT para Santa Rita do Araguaia-MT, hoje Alto Araguaia-MT, o engenheiro José Morbeck transferiu-se também com a família para aquele local, sendo intendente (prefeito), por duas vezes de 1.924 a 1.925 e de 1.928 a 1.930.

Em 18 de maio de 1.923, recebeu o titulo de Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

Em 1940 para proporcionar melhores estudos aos seus filhos mudou-se com a família para o interior do Estado de São Paulo, indo residir na cidade de Valparaiso – SP.

Ao final do ano de 1.955 com quase 78 anos de idade, viajando ao estado do Rio de Janeiro, foi cometido de uma pneumonia dupla à qual não resistiu, vindo em conseqüência falecer no dia 12 de janeiro de 1.956 na residência do filho mais velho Rui Morbeck em Nova Iguaçu naquele estado. Depois de receber os sacramentos ministrados por um sacerdote católico, entregou sua honesta alma a Deus assistido pelos familiares. Sua filha religiosa Circe Morbeck fechou-lhe os olhos, como seu pai havia pedido 15 anos antes.

O corpo do ilustre engenheiro Morbeck sepultado no Cemitério de Nova Iguaçu, foi trasladado por seus filhos para Valparaiso-SP, onde repousa ao lado de sua esposa e de sua mãe.

MILTON PESSOA MORBECK FILHO