Dr. José Morbeck como Diretor da Repartição de Terras, Minas e Colonização do Estado de Mato Grosso, em 1915, ao dar seu parecer contrário à Lei nº 707 de 15/07/1915 (denominada lei da concessão), que o então governador Joaquim Augusto da Costa Marques impunha em prejuízo dos garimpeiros da região do Vale do Rio Garças e seus afluentes, a favor de uma mineradora multinacional inglesa, demonstrou sua personalidade de homem sério, justo, correto e defensor dos menos favorecidos. Com isso ganhou a confiança e admiração dos garimpeiros que passaram a considerá-lo seu grande defensor e líder.

Durante o governo de Dom Aquino Corrêa (22-01-1918 a 22-01-1922), este desistiu de colocar em prática a lei de concessão, após receber o famoso telegrama enviado por Dr. José Morbeck com os seguintes dizeres: “Ou cai a concessão ou arrebenta a revolução”.

Como chefe político e líder dos garimpeiros do velho leste (hoje sudeste) mato-grossense, lutou e defendeu a classe garimpeira da cobrança de impostos abusivos durante o governo do Coronel Pedro Celestino (1922 a 1925). Nesta região o poder público era ausente, não dava assistência, e não prestava o menor serviço à população.

Como líder natural dos garimpeiros e dos menos favorecidos, com um simples telegrama era capaz de organizar um batalhão de voluntários para defender os interesses da região. Ao contrário de seu inimigo Carvalhinho, Delegado Regional naquela época, que na revolução denominada “Morbeck x Carvalhinho”, com apoio do então governador Pedro Celestino, selecionou a fina flor do banditismo da Bahia e contratou pistoleiros profissionais remanescentes da revolução comandada por Horácio de Matos naquele estado. Requisitava e obrigava inocentes trabalhadores e garimpeiros a lutar contra seus próprios interesses.

Dr. José Morbeck nasceu dia 25 de abril de 1878, na Fazenda Coruja de propriedade de seus pais no município de Maracás, no estado da Bahia. Realizou seus estudos superiores na Escola Agrícola da Bahia, em São Bento das Lajes onde por defesa de tese, doutorou-se Engenheiro Agrônomo em 28 de julho de 1.911.

Foi maçom e na vida política foi intendente (prefeito) de Alto Araguaia por duas vezes nas administrações de 1924 a 1925 e de 1928 a 1930 conquistando a amizade e admiração do Marechal Rondon, do Senador Azeredo (mato-grossense e presidente do Senado Federal na década de 20), ambos contrários à lei da concessão. Pôde usufruir a amizade dos bispos e compadres Dom Aquino e Dom Malan (que batizaram seus filhos gêmeos Milton Morbeck e Newton Morbeck).

Teve bom relacionamento com o jornalista Assis Chateaubriand (fundador dos Diários Associados e TV Tupi), o qual o contratou para redescobrir as minas de ouro dos Araés, visitada anteriormente pelo bandeirante Bartolomeu Bueno – “O Anhanguera”; amigo do jornalista Geraldo Rocha dono da melhor revista que circulava no país na época, chamada “A Noite” e companheiro político do Presidente da República Washington Luis.

Com estas referências e estes relacionamentos, percebe-se claramente o tipo de personalidade e de conduta deste que foi o maior líder político regional do Brasil na década de 20.

Resumindo, Dr. José Morbeck não se valeu de sua posição para enriquecer. Foi sempre um homem honesto, justo, amigo dos necessitados e sempre pronto a defendê-los e ajudá-los. Além de ter sido um bravo, foi um cristão altruísta que pensou mais nos outros do que em sim mesmo.

 

 

Alto Araguaia – Mato Grosso

Milton Pessoa Morbeck Filho

 

 

 

Obs. Jurandir da Cruz Xavier, em seu livro “Poxoréo e o Garças” foi o primeiro escritor mato-grossense que narrou com bastante precisão e imparcialidade, o verdadeiro desenrolar dos fatos ocorridos no velho leste (hoje sudeste) de Mato Grosso desde 1.915, no governo de Joaquim Augusto da Costa Marques, até 1.926 no governo de Dr. Mário Corrêa, inclusive a Revolução Morbeck X Carvalhinho .
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