Considerada pela UFMT a 1ª poetisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,Arlinda Pessoa Morbeck foi o símbolo de uma época em que os migrantes se deslocaram com imenso sacrifício dos estados do norte e nordeste a procura de diamantes. Por ser única fonte de trabalho no leste de Mato Grosso, os garimpos simbolizavam todos os ideais de esperança de uma vida melhor.

Foto de formatura da professora Arlinda Pessoa Morbeck

 

 

Mato Grosso, com seus garimpos de diamantes, refletia a imagem de uma Aurora, o despertar de uma nova vida era o estado de esperança. A saga dos garimpeiros foi escrita com sangue, suor e lágrimas. Escreveram os nordestinos, em especial os baianos e maranhenses, páginas bonitas de heroísmo, de dedicação, lealdade e profundo senso de honra.

 

O destino foi bondoso com essa população que, deixando em suas terras natais as suas famílias, as suas raízes, mergulharam no desconhecido à procura do eldorado Sim! O grande arquiteto do universo pôs as suas mãos sobre essa gente que, numa região inóspita e longe de todos os recursos, e até da justiça comum, tivesse como seu líder e chefe incontestável, um homem da tempera do engenheiro José Morbeck.

 

Homem culto, já naquela época com curso superior, engenheiro agrônomo, enérgico e justo, com pulso firme, foi o maior líder regional de Mato Grosso, e um dos maiores do Brasil

Um fato relevante ocorria no processo de migração para os garimpos:, a paixão natural do baiano pelos garimpos de diamantes trouxe para o leste de Mato Grosso, pessoas cultas como músicos de talentos e médicos.

Era comum as currutelas de garimpo terem bandas de músicas. No entanto, a mais ilustre, mais culta de todas pessoas que vieram enriquecer a cultura do leste mato-grossense foi exatamente a companheira do Dr. Morbeck, a professora Arlinda.

 

Algodão entre cristais, numa época de luta apaixonada nos garimpos, a professora Arlinda era o ancoradouro sereno onde o grande chefe buscava a tranqüilidade para não se perder no furacão da violência dos garimpos. A companhia meiga e equilibrada da professora Arlinda ao lado do Dr. Morbeck era a garantia da justiça nas decisões onde o comandante era juiz, promotor e delegado. A responsabilidade de um só homem para decidir caminhos a ser seguidos por milhares de homens cuja bússola era a confiança cega no chefe.

Era uma carga muito pesada que só poderia ser suportada por alguém que tivesse uma grande mulher ao seu lado.

 

Por isso, ao se homenagear a professora Arlinda Pessoa Morbeck como a primeira professora da nossa Alto Araguaia não há que se fazê-lo somente pela mestra Na mestra, na poetisa, na escritora pulsava o coração de uma mulher que saiu da alta sociedade de Salvador, berço cultural do Brasil e, com tempera de aço, sem perder a ternura, veio trazer aos mato-grossenses uma riqueza maior e mais valiosa do que os diamantes que os nordestinos buscavam. Veio transmitir às nossas crianças o saber, a virtude do exemplo e a todas as pessoas, lições de vida.

Os diamantes podem ser eternos, mas não tão eternos quanto a cultura e o saber.

MILTON PESSOA MORBECK FILHO