Pedro Celestino

Compreendeu o coronel Pedro Celestino, Presidente do Estado de Mato Grosso, que as regiões diamantinas do Garças e do Araguaia, no velho leste de Mato Grosso, que cabia a ele e só a ele governar, tornaram-se um feudo do engenheiro-agrônomo José Morbeck, não permitindo este, no dito feudo, qualquer atuação ou interferência nem mesmo do Presidente do Estado, em discordância com a vontade dele. Reconheceu também, a impossibilidade de um confronto armado com o “Treme Terra” Morbeck, pois a população do Garças crescera muito e o endeusava, bastando um grito do poderoso chefão, para que os valentes nortenses e nordestinos se arregimentassem, prontos para o que desse e viesse. A situação era difícil, mas… encontraria um meio de derrubá-lo.

Pedro Celestino seguia de perto os passos do agrônomo e examinava-o a cada dia, na esperança de encontrar o ponto vulnerável, o calcanhar de Aquiles. Não demorou para que soubesse da discussão entre Morbeck e Carvalhinho, este último um dos chefes mais respeitados do Garças, homem inteligente, destemido e ambicioso do poder. Estava aí a chance, “divide et impera”, dividir o poder dos chefões do Garças e imperar.

Astuto, Pedro Celestino arquitetou o plano e aguardava uma oportunidade de jogar entre eles o pomo da discórdia. A sorte favoreceu-lhe. – Estava no Rio de Janeiro quando soube da presença, ali, de Morbeck e Carvalhinho que se hospedaram no mesmo quarto de um hotel. Chamando um de seus cupinchas, mandou que entrasse Carvalhinho e reservadamente lhe dissesse que o presidente do estado de Mato Grosso Dr. Pedro Celestino, queria vê-lo particularmente.

No encontro com o coronel Pedro Celestino, Carvalhinho recebeu a oferta de ser nomeado Delegado Especial do Garças e Araguaia e Agente Arrecadador das minas dos garimpeiros.

Cego pela ambição do poder, Carvalhinho aceitou imediatamente, mesmo sabendo que acabara de intrigar-se com seu compadre e sócio, dr. José Morbeck. O que não sabia era que Celestino queria o fim de ambos.